Keralty assume a gestão da EPS Sanitas: "Os danos causados, em muitos casos irreparáveis, não podem ficar impunes."

A multinacional Keralty anunciou hoje que retomou o controle da EPS Sanitas, após dezessete meses de intervenção que, segundo a empresa, foi "ilegal, arbitrária e profundamente injusta". A medida segue uma decisão do Tribunal Constitucional que devolveu o controle da entidade e qualificou o processo iniciado pelo governo como irregular.

A multinacional qualificou a intervenção da Supersalud como arbitrária. Foto: César Melgarejo. O TIEMPO
Embora a decisão do tribunal superior tenha sido proferida em julho, quando a Suprema Corte revogou formalmente a intervenção por meio da Decisão SU-277 de 2025, a reintegração só entrou em vigor nesta segunda-feira, após a Superintendência Nacional de Saúde levar várias semanas para entregar o EPS. Keralty interpretou esse atraso como uma tática de protelação. "Cada dia de atraso era um golpe adicional à confiança e um sinal de resistência ao cumprimento de uma ordem judicial clara", disseram fontes da empresa.
Em uma declaração pública intitulada "Um Grito por Verdade, Justiça e Reconstrução", a empresa afirmou que a decisão do Tribunal "não apenas reconhece a ilegalidade da intervenção da EPS Sanitas, mas também expõe uma estratégia deliberada para desmantelar um sistema de saúde que atendeu eficientemente milhões de colombianos".
Joseba Grajales Jiménez, presidente da empresa e signatário do manifesto, afirmou que "hoje, após três anos de luta, o Tribunal nos devolveu o que nos foi tirado". Ele acrescentou que este não é um dia de celebração, mas sim de reflexão: "É um dia de luto pelo sofrimento infligido, de indignação pelos danos causados e de compromisso inabalável com a reconstrução do que foi destruído".
A empresa insiste que a intervenção "não foi um erro administrativo, mas sim um ataque frontal aos direitos fundamentais de milhões de colombianos".
Durante a medida, informou a empresa, pacientes foram abandonados, medicamentos essenciais foram escassos e as redes de saúde ficaram sobrecarregadas. "A atitude irresponsável e desumana do governo, na tentativa de sufocar o modelo de saúde, gerou uma tragédia de dor silenciosa e, em muitos casos, consequências irreparáveis", afirma o comunicado.

A empresa falou em "dia de luto e reconstrução" e questionou o atraso da Supersalud. Foto: Mauricio Dueñas / EFE
Agora que retomou o controle da EPS, Keralty apresentou ao Executivo uma série de exigências para garantir a restauração do serviço. Entre elas, estão: "cumprimento imediato, incondicional e integral da decisão do Tribunal Constitucional", "reparação efetiva dos danos incalculáveis causados à rede de saúde e seus milhões de usuários" e "pagamento imediato das dívidas à EPS para garantir a continuidade do serviço".
Ele também pediu o "fim definitivo das campanhas de desinformação" e a criação de "garantias institucionais vinculativas para garantir que atos arbitrários dessa magnitude nunca mais aconteçam na Colômbia".
O manifesto enfatiza que, embora Keralty não busque vingança, exige que os responsáveis sejam responsabilizados. "Aqueles que orquestraram, executaram ou apoiaram com seu silêncio essa estratégia destrutiva devem ser responsabilizados. Os danos causados, em muitos casos irreparáveis, não podem ficar impunes", alerta o documento.

Joseba Grajales, presidente do Grupo Keralty, e o advogado Juan David Riveros; e o presidente Petro. Foto: EL TIEMPO/ Arquivo Privado
Em mensagem aos seus usuários e provedores, a empresa declarou: "Estamos de volta! Com a mesma paixão pela saúde, pela ciência e pelo espírito comunitário que nos define, iniciamos a árdua tarefa de reconstrução."
No entanto, Grajales reconheceu que o caminho a seguir será longo: "Os danos causados pela intervenção ilegal e pelas ações irresponsáveis do governo são devastadores. Reparar este desastre levará tempo e um esforço titânico."
Por isso, ele pediu paciência e apoio aos membros: "Este desafio só será superado com o comprometimento coletivo de todos. Vocês não estão sozinhos. Estamos comprometidos em restaurar todos os serviços, curar todas as feridas e retornar ao sistema de saúde que salvou milhões de vidas na Colômbia."
Por fim, a Keralty enfatizou que sua causa vai além dos interesses corporativos. “A causa da Keralty transcende os negócios; é uma causa humana, uma luta por um sistema de saúde que dignifique cada pessoa, baseado em justiça, evidências científicas e compaixão genuína”, disse o presidente da multinacional.
“Hoje começa uma nova era. Não será fácil, mas faremos o nosso melhor para torná-la possível, com o seu apoio e a nossa determinação. Pela saúde, pela verdade e pela justiça, seguiremos em frente!”, concluiu Grajales.
Jornalista de Meio Ambiente e Saúde
eltiempo